quarta-feira, 2 de setembro de 2009

O Corvo - Edgar Alan Poe

Numa sombria madrugada, enquanto eu meditava, fraco e cansado, sobre um estranho e curioso volume de folclore esquecido; enquanto cochilava, já quase dormindo, de repente ouvi um ruído. O som de alguém levemente batendo, batendo na porta do meu quarto. "Uma visita," disse a mim mesmo, "está batendo na porta do meu quarto - É só isto e nada mais."

Ah, que eu bem disso me lembro, foi no triste mês de dezembro, e que cada distinta brasa ao morrer, lançava sua alma sobre o chão. Eu ansiava pela manhã. Buscava encontrar nos livros, em vão, o fim da minha dor - dor pela ausente Leonor - pela donzela radiante e rara que chamam os anjos de Leonor - cujo nome aqui não se ouvirá nunca mais.

E o sedoso, triste e incerto sussurro de cada cortina púrpura me emocionava - me enchia de um terror fantástico que eu nunca havia antes sentido. E buscando atenuar as batidas do meu coração, eu só repetia: "É apenas uma visita que pede entrada na porta do meu quarto - Uma visita tardia pede entrada na porta do meu quarto; - É só isto, só isto, e nada mais."

Mas depois minha alma ficou mais forte, e não mais hesitando falei: "Senhor", disse, "ou Senhora, vos imploro sincero vosso perdão. Mas o fato é que eu dormia, quando tão gentilmente chegastes batendo; e tão suavemente chegastes batendo, batendo na porta do meu quarto, que eu não estava certo de vos ter ouvido". Depois, abri a porta do quarto. Nada. Só havia noite e nada mais.Encarei as profundezas daquelas trevas, e permaneci pensando, temendo, duvidando, sonhando sonhos mortal algum ousara antes sonhar. Mas o silêncio era inquebrável, e a paz era imóvel e profunda; e a única palavra dita foi a palavra sussurrada, "Leonor!". Fui eu quem a disse, e um eco murmurou de volta a palavra "Leonor!". Somente isto e nada mais.

De volta, ao quarto me volvendo, toda minh'alma dentro de mim ardendo, outra vez ouvi uma batida um pouco mais forte que a anterior. "Certamente," disse eu, "certamente tem alguma coisa na minha janela! Vamos ver o que está nela, para resolver este mistério. Possa meu coração parar por um instante, para que este mistério eu possa explorar. Deve ser o vento e nada mais!"

Sentimento de Culpa



Chego à balada, vejo aquelas pessoas bonitas, cada uma querendo ser mais poderosa que a outra; desfilando a sua mais nova roupa caríssima, esbanjando riqueza; pessoas disputando pela popularidade, pela arrogância e pelo status social; eu mesma saio de casa vestindo uma roupa que me camufle entre eles, mesma que eu me sinta bem inferior.

Naquele antro de perdição só se perde quem não tem estrutura financeira, social e psicológica pra se camuflar e virar um deles, (a financeira e social me atinge ás vezes)...

Eu escolho a melhor roupa, a melhor sandália, a melhor "aparência", isso me faz parecer popular, legal e "FELIZ", mas tudo isso não passa de uma ilusão.

Não sou eu de verdade, não é meu jeito, não é o que eu gosto e eu não estou feliz, apesar de está sorrindo. Eu me divirto, pelo menos eu tento , enchendo a cara pra tentar soltar a felicidade escondida dentro de mim e esquecer o dia de amanha; Por que se eu não beber eu trato aqueles metidos hipócritas com desprezo.

A noite passa rápido, cada um vai pra sua vidinha suja, sem graça, sem alegria; são apenas atores do berço da família da mentira, mas essa vida é tão luxuosa e social, quem não queria uma vidinha assim... E eu? Eu vou me refugiar no meu quarto, arrependida de perder meu precioso sono dos justos e de gastar meu tostão que poderia servir pra algo mais útil do quê sustentar a hipocrisia dos riquinhos de bolso e podres de caráter desse mundinho tão tão distante que é São Luis.

Eu não me sinto bem quando volto da balada, porém se eu não tivesse saído ficaria deprimida por não poder continuar com esse círculo vicioso que é a popularidade medíocre dos jovens de cabeça vazia.